Era Coragem Que Me Faltava (Mas Sempre Esteve Aqui)

Lembro claramente do momento em que percebi que minha vida monótona não vinha da falta de oportunidades, talento ou tempo, mas de algo mais sutil e devastador: a ausência de coragem. Ela tinha escorrido pelos meus dedos como água, deixando apenas o peso das desculpas: “quando as coisas melhorarem”, “quando eu estiver pronto”, “talvez no ano que vem”.

O curioso é que a coragem nunca foi a ausência do medo. Eu sabia disso, da mesma forma que sabemos que café quente queima ou que as noites de inverno são mais longas. Mas entre saber e sentir existe um abismo. E foi num dia qualquer, no meio de mais uma procrastinação digna de troféu, que pensei: e se coragem for só isso?

A escolha de começar pequeno, não com a obra-prima, mas com o primeiro rascunho; não com a maratona, mas com o alongamento matinal que desafia músculos adormecidos.

Abraçar o desajeitado, porque tudo o que vale a pena começa meio torto. Os primeiros passos, as primeiras frases, os primeiros “nãos” ditos com voz trêmula.

Trocar “e se der errado?” por “e se der certo?” são duas faces da mesma moeda, mas apenas uma empurra a gente pra frente.

Descobri que minha coragem estava escondida nos lugares mais improváveis:

No silêncio antes de um “sim”, quando todos esperavam um “não”
Na vulnerabilidade de mostrar algo ainda inacabado
Na persistência de continuar quando o entusiasmo se foi
Na honestidade de dizer “não sei” em vez de fingir que sei

Talvez você, como eu, tenha passado tempo demais esperando por uma coragem cinematográfica aquela que chega com uma trilha sonora de Star Wars e fogos explodindo na tela. Mas a verdadeira coragem é bem mais discreta:

É a mensagem enviada depois de três tentativas apagadas.
É o caderno começado na página sete, só pra evitar a pressão da primeira.
É o “bom dia” dado a um estranho, mesmo querendo passar despercebido.

Hoje eu entendo: coragem não é dom, é exercício. Como um músculo, dói no início, mas se fortalece com o uso. E o mais bonito? Ela se multiplica quando a gente compartilha.

Então eu te pergunto: qual pequeno ato de coragem você pode praticar hoje? se possível deixa aqui nos comentários abaixo

P.S.: A minha coragem de hoje veio em letras pequenas: publicar este texto sem editá-lo até a exaustão. E a sua?

Até qualquer hora.

Não se esqueça Viver dá um Texto.

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